Vejo seu sorriso, e estremeço... Um aceno, e toda minha malandragem se perde... Admiro à distância, como se observasse uma bela obra exposta no Louvre...
Seu olhar tem algo que não sei explicar, e toda vez que me perco nele, encontro respostas que logo se confundem com novas perguntas.
Em uma sexta-feira qualquer, de um mês qualquer... Jamil, saia do cinema, quando foi convidado a ir à casa de um velho amigo; Aceitou o convite, e chegando lá, não soube esconder o espanto, ao se deparar com Afrodite. Naquele momento, ele se sentia como uma criança indefesa, inerte, e insuficiente, diante do que, para ele, se tratava de algo divino... Uma bela mulher, de cabelos e olhos negros, e da pele branca como o “pó”, porém, escrita e desenhada, como um pergaminho.
Evoluindo a um próximo estágio, sai de sua inércia provocada, e se apresenta, com ares desinteressados, à divina Afrodite, que corresponde, com também desinteressados ares de importância... Um falso diálogo se trava, enquanto ambos se estudam. Um dos temas, teoricamente conversados, foi as tatuagens que a bela possuia, e que eram objeto de maior fascínio por parte do jovem Jamil.
Este processo inicial, onde os dois fingiam não estar desesperados por aquele “coito”, já estava cansando o jovem, que arriscando todas as suas fichas, convidou-a para ir à praia “ver o luar”... e à cada resposta positiva às suas sugestões, absurdamente “mal intencionadas”, ele se sentia poderoso, como um lobo que acua sua presa... Ele sabia que agora, nada mais poderia detê-lo no processo de possuí-la, como à recompensa de uma boa “caçada”.
Chegando à praia, iniciam os preâmbulos da cerimônia, os quais, nosso personagem desejava desde que avistara há pouco mais de uma hora, o colo, da bela Afrodite... Enfim, teve a “permissão” de ver com detalhes as tatuagens da moça, que agora serviam como mapa, para aquele aventureiro, que, desprovido de qualquer pudor, inicia sua “viagem”.
Começa por seus lábios macios e úmidos, vai em direção ao pescoço, onde encontra terreno com poucas saliências, mas ideal para começar sua jornada; segue por zonas um pouco mais acidentadas, encontrando montanhas, vales, plantações e grutas, todos devidamente explorados, com o requinte de um aventureiro experiente.
Chegando ao local que o mapa indicava, adentra eufórico, sabendo que enfim, poderia “colher os louros de sua vitória”, e registra em sua memória, cada instante de sua façanha.
Satisfeito por sua “conquista”, “dorme o sono dos justos”... E, ao recobrar a consciência, estava só, e se deu conta de que ele é que havia sido “a presa”. Extasiado por aquela sensação, sai em busca de novos predadores.
Sento para escrever, e me deparo com um desafio: o “papel em branco”... Por algum tempo, eu encaro aquilo como um estrategista; Penso em como começar, por onde começar... Procuro uma brecha, um ponto fraco do meu adversário, e encontro o “canto superior esquerdo”... sempre começo por ele! Ataco com as primeiras letras da história que tenho pra contar, e em poucos minutos, vejo que já avancei... agora, aquela folha de papel, não estava mais tão branca, agora eu vislumbrava uma possível vitória, mas duas linhas depois, eu me deparava com a cavalaria do exercito adversário, que me impedia de prosseguir com a mesma facilidade.
Olho em volta, busco novas estratégias, penso até em abortar a missão... mas isso, seria desonroso demais para um escritor que pretende alcançar altas patentes; Cada novo papel em branco, incorporado a minha tão sonhada nação independente da pornografia escrita e falada, dos reinos dos poetas vivos, tem seu mérito.
Peço ajuda ao meu “Consigliere” de assuntos de guerra, o Major “Cannabis Sativa”, que logo, me dá a inspiração necessária, para acabar com aquela batalha. Parto novamente para o ataque, com todo meu arsenal de inspirações e alucinações, e tomo gosto, em ver o adversário sucumbindo.
Mais alguns minutos, e estava sacramentado! Eu havia literalmente, posto o “ponto final naquela história”.
A roda gira, marcando cada segundo com o implacável movimento dos ponteiros.
Eu, com essa minha arrogância e essa minha prepotência de querer achar que ainda tenho tempo (tempo pra viver, viver o tempo que perco ou que ganho enquanto acho que tenho tempo pra viver) brinco com a vida... Sem dar a devida atenção a cada martelada do ponteiro.
Nada me fará sentir novamente o cheiro do mar, daquela segunda-feira, no Arpoador... Nada me fará ver novamente o primeiro sorriso de Sophia... Nada me fará ouvir novamente o primeiro “eu te amo”... Nada me fará sentir novamente o afago do meu cão, daquele domingo, no Grajaú...
Cada instante é único, portanto, buscar viver um “Déjà Vu”, é para loucos. Quero sentir cheiros diferentes, ver sorrisos diferentes, ouvir “eu te amo”, pela primeira vez, a cada dia, e ser afagado, por iguanas, pavões, macacos e beija-flores... Quero dormir do outro lado da cama, e em outras camas.
A roda gira, marcando cada segundo com o implacável movimento dos ponteiros... Que bom!!!
Ousada, em sua simplicidade e “inocência”, de ser, quem quer ser... Ser sandália rasteira, ou salto alto; Ser saia e camiseta ou corpete preto; Ser cachos ou rabo de cavalo... E ainda sim, ser ela.
Independente por essência, senhora do seu destino... Pensa grande, sem se esquecer dos “pequenos”... Dos pequenos desafios, dos pequenos momentos, dos pequenos infortúnios, que a “maré” insiste em levar, junto aos barquinhos de “oferendas”.
Forte e guerreira, como as “Amazonas”, encara a vida de frente, sem medo de “caras feias”, porém não usa armas de metais... Usa seu canto, sua doçura, sua ternura, sua bondade, para com estas, vencer, sem dificuldades, qualquer alvoroço em seus mares.
Original: “Que tem caráter próprio, que tem cunho novo e pessoal; que não segue modelo. Extraordinário, singular.”... A própria palavra já a descreve, sem necessidade de delongas.
Iemanjá, dona Janaína, Inaê, Princesa de Aiocá, Dona Maria...
Tudo volta a um “início”; mas dessa vez, já tenho um pouco mais de experiência. Já aprendi a beber, já deixei o cabelo crescer, já resolvi trabalhar e ela já se formou, mas antes, eu passei no vestibular.
Creio ter aprendido um pouquinho mais da vida, e isso só me deu mais vontade de querer aprender mais.
Viajamos, brincamos, brindamos, casamos, amamos, sofremos, batemos, transamos, apanhamos, rimos, vivemos... Cada instante, com toda a intensidade que duas almas podem suportar. “Amar-te, até morrer-te”... Era mentira?... Creio que não!
Amar-te... Morrer-te...
O infinito da nossa relação continua marcado em nossos corpos. Mas e a mente? Qual será o real significado de “Amar-te, até morrer-te”? Não me diga! Eu descubro!
Proponho um brinde!
Brindemos, para comemorar o passado conhecido, e se alegrar, pela idéia, de mil paixões desconhecidas que teremos o prazer, ou o desprazer de viver. Brindemos as “novas” pessoas que surgem de nós a cada dia. Brindemos a grande alegria que é saber que se viveu um “grande amor”.
Tendo em vista, a teoria dos “três amores”, que se apresentou a mim, através de um grande sábio; penso hoje, que só tenho mais duas chances.
Isso é injusto! Porque só três chances? Com tantos amores “possíveis” em cada esquina, por que só três grandes amores, são “possíveis”? Prefiro a idéia do três vezes dez... Que ironia!
Nossos corpos se acariciavam, enquanto penetrávamos, numa realidade paralela, onde nada “real” nos importava. Nossas bocas, se tocavam, tentando matar a cede, na saliva um do outro. Nossos olhares atravessavam qualquer métrica que eu possa exemplificar.
Se há algo, que possa nos aproximar do “divino”, creio que seja o amor, na sua forma mais carnal e humana, porém entre almas que conversam no silêncio dos gemidos.
Aquele encontro foi inesquecível. Seus cabelos cheirosos... Seu belo e delicado pescoço... Seus ombros sedutores... E seus braços de bailarina, que me envolveram, como tentáculos... Seus seios, como duas suculentas e perfumadas peras recém colhidas... Seu ventre macio e convidativo... Suas ancas, que se apresentavam como o leme de um navio que deseja ser conduzido... Suas pernas chamavam pelos meus lábios, que não poderiam resistir à tão agradável convite... E entre essas, nossos lábios se tocavam.
Os suores dos nossos corpos se misturavam enquanto nossas almas conversavam; Minhas mãos, não cansavam de percorrer o seu belo corpo; Meus Lábios sussurravam gemidos ao pé do seu ouvido, e ela respondia com seu canto; E quando nossos corpos se alinharam em uma sintonia perfeita, explodimos em coro, e caímos exaustos e felizes, e assim ficamos, até nos reencontramos no mundo dos sonhos.
"Nada sei dessa vida
Vivo sem saber
Nunca soube, nada saberei
Sigo sem saber...
Que lugar me pertence
Que eu possa abandonar
Que lugar me contém
Que possa me parar...
Sou errada, sou errante
Sempre na estrada
Sempre distante
Vou errando
Enquanto tempo me deixar
Errando
Enquanto o tempo me deixar...
Nada sei desse mar
Nado sem saber
De seus peixes, suas perdas
De seu não respirar...
Nesse mar, os segundos
Insistem em naufragar
Esse mar me seduz
Mas é só prá me afogar..."